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sábado, 17 de junho de 2017

Absolutegravir

(Esta página é uma tradução do original em francês, que pode ser lido aqui.)

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O Absolutegravir

Por Charles-Edouard!

O que não se vê na TV, Suicídios e Insómnias fármaco-induzidas...

'Déjà vu'... Montes e montes de vezes! Desde já, atenção à depressão e às tentações suicidárias induzidas pela má medicação: isso não avisa e é grave, ou mesmo mortal. É claro que tu sabes de onde é que isso vem. Atenção à roleta russa médica: tenta-se uma combinação, depois outra, e a seguir outra: é um truque de médico 'septista'. Atenção à sobrecarga medicamentosa: antidepressivo, ansiolítico, sonífero, quando já tomas 3 moléculas, em doses maciças... À priori, sem que isto seja um aconselhamento médico, poderias talvez começar a considerar o aligeiramento (já és elegível em modo FOTO)... Bom... Vejamos o que nos promete o futuro:

Absolutegravir: um novo membro


Desde logo, é um ...gravir. Segundo a regra de nomes que identifica as moléculas, é um inibidor (preferencial) da integrase. Encontramos listas. -gravir é um dos novos.

Como para os cavalos, existe uma regra de primeira letra, em ordem de aparição. Temos então: Elvitegravir (Gilead); Dolutegravir (ViiV); Cabotegravir (ViiV); Bictegravir (Gilead).

E, o seu a seu dono, tomo, na ordem, a letra A, a qual faço seguir de uma consoante. Logo, senhores do Marketing Farmacêutico, tomem nota: a letra A está reservada para o Charles-Edouard!

Porquê 'Absolut'? Certo, gosto muito de vodka... E como Absolutegravir é uma fantasia de gente civilizada, um bocado amalucada, cai muito bem.


Absolutegravir: nascido de um flash de lucidez Wainberg/Raffi


Wainberg/Mesplède e Raffi publicaram uma opinião previdente: E se o VIH fosse incapaz de desenvolver resistência a um novo agente terapêutico.

Wainberg e Raffi já estão habituados... Há que esperar pelo elogio funebre ao DTG. Certo... Contudo, esta opinião data de 2103, e prevê tudo o que a clínica observará posteriormente (Calcanhar de Aquiles (2015), sucesso em pacientes naïfs (2016), etc...).

Sem resistência? Claro que não! Há uma enorme artilharia de defesa dos Laboratórios, donde a política de 'evergreening' (saída de medicamentos, em catadupa, numa altura apropriadamente escolhida) assenta sobre o conceito da multi-terapia. A monoterapia é o fim programado da galinha dos ovos de ouro!...

Absolutegravir = zero resistência, zero, zero, zero


Evidentemente, qualquer semelhança com moléculas presentes ou passadas é mera coincidência. Colocamos isto depois dos cenários inspirados em factos reais, para não chatear.

Logo, o Absolutegravir, não é DTG. Deixamos isso bem claro.

Contrariamente aos outros ARV, descobertos por tentativa/erro, ele foi concebido por computador: modelou-se numericamente a Integrase (ver esta animação em 3D), e um software de ancoragem (docking) testa milhões de configurações, que se vão agarrar o mais eficazmente possível à Integrase,  lá, onde esta ancoragem toma o lugar do qual o vírus tanto necessitaria. Lamento, cavalheiro, o lugar está tomado...

Fazemos uma primeira passagem com uma Integrase 'selvagem', não mutada, depois reprocessamos em integrases mutadas, até sair a (ou as) molécula final.

Faz-se seguidamente uma outra tri para se assegurar que a molécula não aponta (ou pouco) a enzimas correntes, para ser mais específica, e evitar efeitos secundários. Isto tornou-se possível porque também se modelaram numericamente muitas proteínas/enzimas. Isto é caríssimo, mas temos guito porque o nosso anterior bébé foi o blockbuster do século passado.

Como de costume, junta-se uma molécula (p.ex. uma ponte fluorada) que o fígado lutará para partir, donde uma semi-vida plasmática muito longa... Isto não serve para nada a não ser para gerar milhões de lucro. Perguntem portanto à Gilead, que são os génios da astúcia fluorada e os reis do petróleo!

Absolutegravir: em quantos miligramas?


Como não há efeitos secundários, e queremos passar os ensaios de comercialização, doseia-se a fundo, mas menos que as velhas moléculas. Vá, 50 ou 75 mg, deve dar... Nos ensaios de fase 2, 2 ou 10 mg foram suficientes, mas queremos lá saber dos ensaios de fase 2! Daqui a 20 anos podemos lançar um primo, de 30 mg, e prolongar os lucros por outros 20 anos!

E depois, a posologia é, in fine, da responsabilidade dos médicos, não dos farmacêuticos.

Não há resistência: a inobservância, fortuita ou planeada, não tem consequência: muito pouco, a CV reemerge, e aumentamos um pouco a dose. Em suma, gerimos as tomas como fazem os diabéticos: uma gota de sangue e gere-se;  no final encontramos o óptimo e barco para a frente: dispomos de um tratamento optimizado, personalizado, insensível à inobservância.

O Absolutegravir e o buraco negro Darwiniano


O Absolutegravir não selecciona nenhuma resistência. O buraco negro Darwiniano, que aparece quando uma mutação principal conduz o vírus a um impasse replicativo escontra-se aqui sem objecto. É um conceito da era anterior, do mundo de ontem, de DTG e da sua R263K.

Como é personalizado, pelo médico (útil à priori, mas não indispensável), vêm da Europa inteira aos nossos médicos miraculosos, que fazem dinheiro à grande!

O Absolutegravir é para quando?


O Absolutegravir, é a bomba atómica no mercado: no dia em que saia, gozamos as royalties durante 20 anos, mas depois acabou-se de vez. Epidemia erradicada, o filme acaba, e a galinha dos ovos de ouro também.

O Absolutegravir será portanto a última molécula a aparecer no mercado, porque ela matará o mercado, e nós, proprietários desta molécula perfeita, não a colocaremos no mercado antes de termos esgotado todas as astúcias para prorrogar os nossos enormes lucros.

A vida é bela.

Bom fim-de-semana, vida boa, sem medicação em excesso (lícita ou não...)

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